O período homérico é a época vivida na Grécia entre os séculos XII a.C. e VIII a.C., e recebeu esse nome porque não existem muitas fontes históricas para se estudar esse período, a não ser pelos poemas Odisseia e Iliada, que foram escritos pelo poeta grego Homero. A população era organizada em genos, que eram famílias enormes 20/30 indivíduos, que funcionavam como unidades econômicas, políticas, sociais e religiosas, que assegurava subsistência e em várias situações vivia isolada de outras comunidades. Não existia propriedade privada na época, e o cultivo das terras e a utilização de instrumentos agrícolas acontecia de forma coletiva. Essas famílias eram lideradas por uma pessoa que se chamava Páter, que funcionava como o chefe da geno. O páter era sempre era um homem, o sexo masculino estava associada a figura de maior influência dentro da sociedade grega. O páter era considerado uma autoridade máxima, e muitas vezes ocupava papel de juiz, militar ou chefe religioso. Por esse motivo, a comunidade ficou conhecida como comunidade gentilica ou comunidade patriarcal. As famílias que tinham um descendente comum formavam um clã denominado geno Estes se aglomeravam, formando as fratrias que, unidas geravam as tribos. Quando algumas tribos se aliavam, geralmente pela ameaça de um inimigo comum, era criada uma cidade-estado. Com a fragmentação dos genos, surgiram as classes e desigualdades sociais e ainda dois problemas vieram à superficie: em primeiro lugar a dispersão da população por outras áreas da Ásia menor e a formação de uma oligarquia da aristocracia rural. Essas mudanças dão fim ao período homérico da história grega
A geografia da Grécia Antiga, com suas montanhas, costa recortada e solos pobres, influenciou profundamente sua civilização. O clima mediterrâneo ameno e a facilidade de comunicação marítima unificaram as regiões gregas e promoveram a expansão cultural e comercial.
**Características principais:**
- Localizada no extremo da Península Balcânica.
- Relevos acidentados e escassez de água.
- Clima mediterrâneo agradável.
- Comunicação fácil via mar (Jônico, Mediterrâneo e Egeu).
**Vantagens e desvantagens:**
- **Prós:** Clima ameno, comunicação marítima fácil, posição central no Mediterrâneo.
- **Contras:** Terrenos acidentados, escassez de água, solos pobres.
**Economia e subsistência:**
- Agricultura limitada a vinhas e oliveiras.
- Pecuária de caprinos e ovinos.
- Comércio de pescado seco, azeite, vinho, lã e cerâmicas finas.
**Expansão e colonização:**
- Necessidade de novas terras levou à colonização pelo Mediterrâneo.
- Contatos culturais com outras civilizações enriqueceram a cultura grega.
A posição geográfica da Grécia favoreceu a navegação, o comércio e a troca cultural, moldando sua economia e sociedade.
Nos poemas homéricos, a concessão do homem e das divindades é detalhada de maneira a refletir a visão grega antiga sobre vida, morte e interação com o divino. Thymos representa a vida e os afetos, similar ao "coração". Nóós refere-se à capacidade intelectual, enquanto psychê é a alma ou sopro vital, mencionada apenas na morte. Sôma designa o corpo do herói caído, distinto da psychê. Quando o herói morre, a psychê escapa-se, associando a vida à respiração e ao sangue. Os deuses podem intervir na psique humana, como Zeus enviando ate, um desvario momentâneo que leva ao arrependimento. O destino, ou Moira, é fixo e imutável, sendo apenas Zeus capaz de alterá-lo.
A aretê, que é a virtude e excelência do herói, manifesta-se na coragem, força e eloquência. Na Odisseia, a astúcia junta-se a estas qualidades, exemplificada por Ulisses. A vergonha e o horror pelo desprezo fazem com que o homem se esforce para não desonrar a sua linhagem. A honra, ou timê, é a maior recompensa, destacando o reconhecimento público e a dedicação. O último destino do homem é o Hades, dependendo dos deuses, que valorizam a coragem e o caráter humano. Embora frágil, o homem é feito para a luta, buscando honra e superação, até mesmo nos jogos durante tréguas.
Sobre as divindades, há dúvidas se a religião é original dos poemas ou pré-existente. Homero e Hesíodo são frequentemente vistos como criadores dos deuses gregos. As divindades são antropomórficas, superiores em altura, força e beleza, mas com defeitos humanos. Misturam-se com mortais, ajudando e protegendo heróis. Na Ilíada, deuses intervêm diretamente, enquanto na Odisseia, são mais distantes e surgem em disfarces. Os deuses diferem dos heróis pela imortalidade e aparência física, com Zeus sendo a autoridade suprema. A relação entre deuses e homens nos poemas homéricos reflete uma cooperação onde a intervenção divina não diminui o valor humano, mas sim, destaca o mérito dos heróis.
**Os Poemas Homéricos e a Moral Heroica**
Nos poemas homéricos, a moral heroica está ligada a uma aristocracia guerreira que se afirma em combate, onde os guerreiros ganham glória (kleos) e imortalidade. Morrer em combate é a maior honra, representando a "bela morte" que eterniza a juventude e beleza do herói. A mutilação de cadáveres é a maior injúria, como no caso de Aquiles com Heitor. Os heróis cuidam do corpo e da aparência, e os mais velhos, como Nestor, usam sua sabedoria para evitar conflitos. A guerra é valorizada, mas os poemas também refletem uma moral nova, onde manter a paz é importante. Alexandre "o Grande" aspirava a feitos heroicos como os de Aquiles, inspirando-se nos escritos de Homero.
**Os Poemas Homéricos na Educação Grega**
Inicialmente transmitidos oralmente em ocasiões festivas, os poemas homéricos foram cristalizados na escrita, facilitando a transmissão. Cantados ou recitados, eram usados em concursos, jogos, festividades e escolas. Platão via Homero como educador da Grécia e Aristóteles associava os poemas às origens da tragédia. Para Pausânias, Homero era uma autoridade em todos os assuntos. As obras eram usadas para reivindicações territoriais e serviam como enciclopédia para os Sofistas. Filósofos do século III AC interpretavam os poemas alegoricamente, refletindo a experiência humana. A influência dos poemas estendeu-se à cultura latina e ocidental, especialmente em religião, poesia, língua e costumes.
**Os Poemas Homéricos e a Sociedade Grega**
Na "Odisseia", Ítaca é vista como uma "casa modelo", com grandiosos palácios e modos de vida agro-pastoris. Na "Ilíada", o cotidiano dos heróis em tempos de paz é revelado, mostrando atividades civis além do alvoroço militar. Ítaca é uma ilha rochosa propensa à criação de gado e cultivo da vinha. A descrição da oikos real revela uma diversidade paisagística e de recursos, incluindo agricultura e criação de gado, supervisionadas pelo senhor da oikos. Em Esquérida, o pomar de Alcínoo destaca a abundância de vinhas e culturas. A agricultura e a criação de gado são atividades principais, mesmo para o rei, refletindo uma sociedade complexa e diversa.
A Civilização Minoica, que floresceu na ilha de Creta entre 3000 a.C. e 1400 a.C., é conhecida por suas características distintas e avanços significativos em diversas áreas. **Sociedade e Estrutura**
A sociedade minoica era organizada em torno das "cidades-palácio", que serviam como residência dos soberanos, centros administrativos e econômicos. Esta estrutura indicava uma organização gentil, cortês e teocrática, caracterizada por uma ausência de fortificações e foco em atividades pacíficas. *Escrita e Economia**
A escrita minoica evoluiu de uma forma pictográfica para uma hieroglífica, usada principalmente para marcar produtos e propósitos contabilísticos. A economia era sustentada pela metalurgia de cobre e início do bronze, com um sistema de redistribuição centralizada e comércio marítimo extensivo que incluía importação de cobre e exportação de produtos manufaturados, vinho e azeite. A agricultura incluía cultivo de cereais, vinha e oliveira, enquanto a pastorícia abrangia burros, ovinos e caprinos. **Arte e Cerâmica**
A arte minoica era marcada por pinturas murais nos palácios, colunas invertidas, joalharia elaborada influenciada pelas Cíclades, estatuetas e selos em pedra, marfim e metais preciosos. A cerâmica minoica se destacava pela variedade de formas, decorações geométricas e naturalistas, e o uso da roda de oleiro permitiu a criação de peças finas e delicadas.
**Religião e Rituais**
A religião minoica era centrada no culto aos deuses da fertilidade e da natureza, com destaque para a sacralização do touro, evidenciada pelos rituais de "tourada". A deusa mãe e o culto às serpentes também eram importantes. Os rituais religiosos ocorriam em santuários em montanhas, grutas, cavernas e árvores especiais, e os palácios exibiam grandes símbolos religiosos como os chifres de touro. Os túmulos minoicos variavam de tholoi (túmulos de falsa cúpula) a túmulos em cavernas naturais e retangulares.
Em resumo, a Civilização Minoica não apenas se destacou por suas realizações artísticas e arquitetônicas, mas também por sua organização social pacífica, economia dinâmica baseada no comércio e uma religião rica e naturalista que deixou um legado duradouro na cultura europeia antiga.
A Civilização Micênica, que prosperou entre 1600 a.C. e 1100 a.C., foi uma sociedade complexa e militarizada que se desenvolveu na região da Grécia continental, influenciada em parte pela Civilização Minoica de Creta.
**Sociedade e Estrutura**
A sociedade micênica era hierarquizada, com reis, notáveis e dirigentes locais dominando a administração centralizada nos palácios. A economia era controlada pelo estado, com um sistema tributário derivado da estrutura minoica. Artesãos especializados eram apoiados pelos palácios, enquanto a classe dos comerciantes não é bem definida na documentação disponível. Escravos eram frequentemente prisioneiros de guerra.
**Escrita** A escrita micênica era conhecida como Linear B, uma forma de escrita derivada do Linear A minoico. Era utilizada principalmente para registros administrativos e econômicos nos palácios. **Armamento e Defesa**
A civilização micênica era militarmente orientada, com muralhas maciças ao redor das cidades, algumas com corredores de falsa cúpula. Cidadelas eram construídas em áreas elevadas para resistir a cercos. O armamento incluía elmos, escudos em forma de oito, adagas, armaduras com escudos menores, pontas de lança, espadas e punhais. *Economia e Comércio**
Os micênicos mantiveram a tradição agrícola minoica e expandiram significativamente seus contatos comerciais. Estabeleceram feitorias e mantiveram relações comerciais com áreas como Sicília, Egito, Cíclades, Chipre e a costa oriental do Mediterrâneo, além de partes da Ásia Menor e Grécia continental. O comércio com a Anatólia foi particularmente importante. **Arte e Cerâmica**
A arte micênica mostrava uma forte influência minoica combinada com motivos guerreiros característicos. Pinturas murais retratavam cenas de caça e cerimônias, enquanto o trabalho em ouro incluía selos com figuras assustadoras, anéis e máscaras. A cerâmica inicialmente refletia formas heládicas e decoração minoica, evoluindo para motivos vegetais e marítimos e posteriormente para padrões geométricos ou abstratos.
A Civilização Cicládica refere-se a uma cultura pré-histórica que floresceu nas Ilhas Cíclades, um arquipélago no Mar Egeu, entre aproximadamente 3200 a.C. e 1100 a.C. Essa civilização é conhecida principalmente por sua arte distintiva e influência no desenvolvimento cultural e artístico da região.
**Características Principais:**
1. **Localização e Cronologia:** As Ilhas Cíclades estão situadas entre a Grécia continental e a Ásia Menor. A civilização começou a se desenvolver no início da Idade do Bronze, por volta de 3200 a.C., e perdurou até o final da Idade do Bronze, cerca de 1100 a.C.
2. **Organização Social e Econômica:** A sociedade cicládica era predominantemente agrícola e marítima. As comunidades eram organizadas em torno de aldeias e centros cerimoniais. A economia era baseada na agricultura, pesca e comércio marítimo.
3. **Arte e Cultura:** A arte cicládica é famosa por suas estatuetas de mármore, conhecidas como "ídolos cicládicos". Essas estatuetas representam figuras humanas esculpidas de forma estilizada, com braços cruzados sobre o peito. A cerâmica também era produzida, com padrões geométricos simples.
4. **Tecnologia e Comércio:** Os cicládicos eram hábeis navegadores e comerciantes, interagindo com outras culturas do Mar Egeu e do Mediterrâneo Oriental. Eles fabricavam utensílios de pedra e metal, como ferramentas agrícolas e armas.
5. **Religião e Crenças:** Pouco se sabe sobre as crenças religiosas específicas dos cicládicos devido à falta de registros escritos. No entanto, escavações arqueológicas revelaram evidências de cultos e práticas cerimoniais, muitas vezes associadas a estruturas funerárias e rituais de sepultamento.
6. **Declínio e Fim:** A civilização cicládica entrou em declínio gradualmente por volta de 2000 a.C., possivelmente devido a mudanças climáticas, pressões populacionais ou invasões de grupos vizinhos, como os micênicos. Seu legado cultural persistiu influenciando as civilizações subsequentes na Grécia Antiga.
O período arcaico da Grécia Antiga marcou uma era de profundas transformações sociais, políticas e económicas, principalmente impulsionadas pelo surgimento das cidades-estado ou polis. Iniciando após o período homérico, este período testemunhou o desenvolvimento da democracia em Atenas e a sistematização das legislações. As cidades-estado, controladas por uma aristocracia proprietária de terras, tornaram-se centros comerciais importantes.
Com o crescimento populacional e a escassez de terras aráveis, as cidades gregas fundaram colónias ao redor do Mar Mediterrâneo. Essas colónias não só aliviaram a pressão demográfica, mas também promoveram o comércio e a indústria, como a produção de cerâmica, que se tornou uma exportação significativa.
As migrações e colonizações foram motivadas por diversos fatores, incluindo a busca por novas terras, recursos naturais e rotas comerciais. As colónias foram estabelecidas muitas vezes sob a liderança de oicistas, que organizavam a administração e asseguravam a conexão com a cidade mãe. As primeiras colónias focaram-se na Sicília e no sul da Itália, expandindo-se depois para o oriente e ocidente do Mediterrâneo.
Os impactos da colonização foram vastos: difusão da cultura grega (helenismo), desenvolvimento do comércio e crescimento das cidades. As colónias mantiveram laços com suas cidades de origem, influenciando-se mutuamente política e economicamente.
A democracia, centrada em Atenas, destacou-se como uma forma de governo em que os cidadãos livres participavam ativamente nas decisões políticas. Este sistema, baseado em princípios como a igualdade perante a lei e o direito de fala, marcou uma evolução significativa na organização política grega.
Em resumo, o período arcaico da Grécia foi marcado pela expansão das cidades-estado, formação de colónias, desenvolvimento do comércio e consolidação da democracia ateniense, contribuindo para a riqueza cultural e política que influenciaria profundamente o mundo mediterrânico e além.